Crónica dos bons malandros



E agora, para algo completamente diferente: um apaniguado do meu chien andalou, ali para as bandas da Alsácia menor, virulenta quanto baste e serôdia litigante de boa fé, telefonou-me um destes dias para me informar do seguinte:


“- Atenção: um dos nossos agentes secretos, o agente secreto “K”, descobriu uma lista que se queria secreta de todos os romances escritos por portugueses recentemente requisitados pelos elementos da Troika, para “se integrarem no espírito do país”, lista essa que foi encontrada depois num caixote de lixo do Largo do Rato com anotações extremamente secretas, à laia de comentários espirituosos.

Não foi possível verificar a autoria destes comentários. A sua missão, caro agente “Y”, caso a aceite, é a de divulgar esta lista secreta através dos canais secretos adequados.”


Ora bem, como eu sou um grande linguarudo, aqui vai.

A lista era extensa, estes são apenas alguns exemplos:


“Um milionário em Lisboa”, de José Rodrigues dos Santos – comentário: “coisa rara”

“A desumanização”, de valter hugo mãe – “não temos nada a ver com isso”

“Há sempre uma primeira vez”, de Margarida Rebelo Pinto – “ora isso é o que estamos sempre a dizer ao Tribunal Constitucional…”

“Veneza pode esperar”, de Rita Ferro – “os pensionistas também”

“O rebanho”, de Miguel Jara – “bom, nós não diríamos tanto… mas tá bem apanhado”

“A fome do Licantropo e outras histórias”, de Miguel Miranda – “ai o Zé Povinho agora chama-se assim?”

“Pessoas estranhas, vidas comuns”, de Reginaldo Bittencourt – “boa definição para os países intervencionados”

“Se tenho medo?”, de Patrícia Piteira – “não, temos Passos”

“Ainda bem que não levei o guarda- chuva”, de Maria C. Pimentel – “também achamos: boas praias”

“Guiados pelo destino”, de Nuno Gonçalves – “quem, os portugueses? Deixem-nos rir…”

“A Sociedade”, de Wilton Bastos – “só conhecemos folhas de Exccell, quem é essa tal de Sociedade?”

“Meu herói de La Lys”, de Armando Teixeira Borges – “heróis, por aqui?!? ná, não passa nada…”

“Abre-me a porta”, de Cláudia Manuel Costa – “nem foi preciso pedir: deram-nos logo a chave de ouro”

“O prometido é devido”, de Jorge David Reis – “não fomos nós que prometemos”
  
“Porquê eu?”, de Hugo Pena – “curioso: a Grécia também fez a mesma pergunta…”

“Emoções em conflito”, de Rolando Guedes de Faria – “vá lá não andem à bulha. desta vez é o menino Portas quem tem razão”

“Uma janela para o Paraíso”, de Conceição Nunes – “essa balela já está gasta, temos de inventar outra…”

“Do outro lado do Rio há uma margem”, de Pedro de Sá – “nova balela? parece boa, vamos experimentar”

“Uma tarde em Berlim”, de Sérgio Mileu – “também acho que isso bastava pró Seguro se acalmar, vamos nisso”

“Contos improváveis”, de Jorge Arriaga – “não são improváveis, são impossíveis; mesmo assim, temos de nos manter firmes na nossa versão da conjuntura”

“Correspondência”, de Eça de Queiroz – “vai ser tão longa como aquela entre o PS e nós, com cartas e selos e tudo? já inventaram o email, pá!”

“Vácuo”, de Duarte Guimarães” – “vá lá, não diríamos tanto…”

“Um lugar para os dias”, de Irene Lucília Andrade – “o quê, aqui? não nos parece.”

“Essa mão invisível que nos ampara”, de Fernando Melim – “será um comboio? será um avião? não, é o Durão Barroso!”

“Estórias de uma História”, de Luís Raposo – “isso é demasiado rebuscado, nós só entendemos de euros e exccell, não nos façam pensar: não somos historiadores”

“Origem e ruína”, de Paulo Lima – “vamos lá a ver, a coisa não está assim tão mal… sejam optimistas!”


E pronto, por agora é tudo.

Quando este agente secreto – nome de código “Y” – souber mais alguma coisa, promete que o irá divulgar através do blog Inducando.

Hasta luego, compañeros de lucha!

“Y”

(over and out)


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