A banalidade da mediocridade



A produção média em Hollywood é bastante mais competente do que em qualquer outro local do planeta, isso é certo.

Mas tal não garante que muitos dos filmes de Hollywood sejam grandes filmes.
Não o são. Longe disso.

Por cada Blade runner existe uma imensidão, um oceano inteiro de Mammas mias.

A nova normalidade nestas paragens é a mediania. E a mediocridade, de tão frequente, tornou-se norma, sendo hoje o novo padrão da produção de Hollywood.

Filmes como Quem quer ser bilionário de Danny Boyle, que se revelaram enormes sucessos de crítica e de público, tão elogiados e até oscarizados, tiveram de percorrer um caminho paralelo às grandes produtoras, que só assumiram os custos de tais projectos quando era impossível não o fazer devido à previsão de lucros de bilheteira: foram convencidos à força das evidências. Esta gente que decide pode ser muita coisa, mas não é estúpida: quando vê cifrões à frente, age.


Vem isto a propósito de um facto também ele evidente: hoje elogiamos filmes completamente falhos de qualidade(s), apenas e somente por um único motivo: foram feitos em Hollywood. Não falamos do filme em si: mas protegemos a indústria onde foram criados.

Filmes como o inacreditavelmente eudeusado Manchester by the sea, A roda gigante de um Woody Allen completamente fora do seu elemento e agora, Três cartazes à beira da estrada, com uma Frances McDormand competente mas que não chega para levar às costas um filme que se deixa andar, sem ritmo nem garra, baseado em eventos completamente corriqueiros.


Hollywood podia aprender. Poder, podia – mas não quer.

Filmes como Danças com lobos poderiam reavivar a tendência pouco saudável das películas dedicadas a dar uma outra imagem, mais verdadeira, do papel dos índios na História dos Estados Unidos da América. O grande blockbuster que foi poderia ter levado a indústria a optar por contar a verdade, desta vez. Mas não, os figurões da indústria estavam bem assim mesmo.

E, se é verdade que o sub- género dos westerns ficou claramente fora de moda, não sendo produzido nenhum filme de jeito desde Silverado, no já longínquo ano de 1985, também é verdade que os poucos que contam a estória do ponto de vista do povo errado também não teve qualquer futuro: Danças com lobos morreu ali mesmo, sem descendentes nem o elogio de quem realmente interessava – quem tem dinheiro, ou seja, os produtores e os seus contactos/ investidores.

falando de outro continente, a produção francesa está outra vez em alta, sobretudo com comédias, mas a vocação dos grandes criativos parece estar a ser desviada para grandes produções em séries de TV, desde actores, realizadores e argumentistas.

Bons exemplos são Guerra dos tronos e também a napolitana Gomorra, única série europeia a conseguir tomar de assalto as mentes e almas dos espectadores dos states, talvez pelo ritmo inebriante de mortes dos seus infindáveis actores, que raramente aguentam uma série.


Por isto tudo e mais algumas coisitas, não parece risonho o futuro do cinema.
Será esta a vingança servida a frio pelo pequeno ecrã nas salas das nossas casas…?


Esperem-se as cenas do próximo episódio…

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